terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Relatório da Visita Realizada no dia 04 de Janeiro de 2015, por Dra. Fidela Châ

Domingo. 
Sabe quando seu relógio biológico fica brincando com você acelerando e desacelerando o tempo só pra ver como você vai lidar com isso? Eu, Doutora Fidela Châ estava assim na primeira visita do ano. Iniciei meus trabalhos besteirológicos com o Doutor Zêlopim e Doutora Turquesa o que foi demais pois, não sei se sabem, o Doutor Zêlopim atrai visitas boas e a Doutora Turquesa ainda não havia trabalhado comigo. Na pediatria encontramos o Zézim que havia recebido seu presente do papai noel no último domingo e não havia desgrudado dele desde então, era divertido e mantinha-o hipnotizado mas não totalmente pois de vez em quando notavam-se covinhas revelando, por trás da timidez, um riso frouxo. Prosseguimos rumo ao amor da Doutora Fidela: Rick, e lá é um lugar em que o relógio se faz desnecessário pois você pode ir para falar um oi e ficar cinco minutos mas não adianta, sempre se passa uma hora ou mais e sempre é pouco. Fui surpreendida pela ingenuidade da doutora Turquesa que se 'alojou' no meu lugar: Lado direito do Rick (É onde meu coração bate mais forte), depois de um discurso de ciúmes tudo se resolveu e seguimos rumo ao terceiro andar e acontece que o destino já estava preparando para nós o quarto da Dona Maria Bonita e da Dona Maria Charmosa, fomos 'pescados' pelo filho da Bonita, mas bonita mesmo! 103 anos toda animada e embora seus olhos não lhe traziam à mente o que estava acontecendo ali, sua percepção e atenção a deixava a par de tudo. Ao me deparar com essa Dona pensei 'Relógio, manera ai'. O filho da Maria Bonita fitou meu violão e disse 'Deixa ela tocar?' saquei-o 'É dela!' Maria Bonita passou os dedos suavemente pelas cordas e o som suave que elas produziam causavam um leve sorriso no canto de sua boca como se cada tom remetesse a uma vida que ela estava recordando, quem nunca capturou o tempo com uma música?. Não demorou muito e Maria empolgou, o toque já não era suave, se tornava uma melodia mesclada e como todo aquele que esta feliz e encontra uma melodia ela cantou. Tudo parou. O filho e a neta de Maria Maravilhosa que se espiralavam totalmente sem jeito em volta de seu leito, Doutor Zelôpim com sua cara de bobo habitual, Doutora Turquesa que se empenhava em alguma coisa, o filho de Maria Bonita que auxiliava segurando o violão e eu, atônita. Tudo parou. Findou-se a música e os aplausos vieram junto a uma gargalhada daquelas bem deliciosas que saíam do interior de Maria. Num suspiro observei como aquela energia que exalava dela se infiltrava em todos e os deixavam bem. Já me disseram que não há remédio melhor que a alegria e nesse momento eu percebi a verossimilhança dessa afirmação. 'Onde você for eu também vou e se eu for você vem também' Não tinha melhor trecho de música para você cantar, Maria. Eu saí de lá com ela, no coração, e onde eu for ela vai também.

Um comentário:

Camille Ramos disse...

Belíssimo trabalho e relatório. Fiquei encantada!
Abraços fofos de uma colega de trabalho.
Dra Fofuxa
Andarilhos do Riso - DF